segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Se a pandemia da COVID-19 não foi suficiente para diminuir a suposta fé daqueles religiosos fervorosos em suas crenças, ela certamente serviu para aumentar a descrença daqueles que não acreditam em nenhuma entidade sobrenatural. Ela evidenciou a ineficácia das orações, visto que, apesar delas, inúmeros fieis, de todas religiões, contraíram o vírus, desenvolveram a doença e, pior, morreram em consequência dela.

Durante a pandemia, o que pudemos ver foi o medo e o desespero dos que professam sua fé em alguma divindade, em se protegerem do contágio, enquanto torciam e aguardavam ansiosamente que a Ciência (que tanto combatem, apesar de sempre se utilizarem dela) conseguisse desenvolver e disponibilizar um imunizante o mais rápido possível.

Os seguidores do deus judaico-cristão, por exemplo, na contramão do que sugere o livro que fundamenta sua fé, não quiseram pagar para ver, ao invés de se manterem firmes na sua crença de que seu deus zela por eles, protegendo-os 24 horas por dia de todas as adversidades e garantido que após a morte irão para um lugar infinitamente melhor do que este mundo, não pensaram duas vezes, valeram-se de todos os meios disponíveis para evitar o contágio.

O comportamento que nós, descrentes, esperávamos da parte dos seguidores fiéis ao deus dos judeus seria o de não se abalarem, mantendo os cultos em seus templos, visitando e cuidando das pessoas contaminadas e acometidas pela doença e consolando aquelas que perderam seus entes queridos, sem medo de serem infectadas pelo vírus. Mas, ao invés disso, o que vimos foi um festival de desespero, medo, egoísmo e muita hipocrisia.

Apesar terem na ponta da língua e recitarem “aos quatro ventos”, uma enxurrada de versos retirados da bíblia, como:

Ele (Deus) conhece e zela por todas as criaturas (Sl. 145:9)”;

“O Senhor está perto de todos os que o invocam, de todos os que o invocam com sinceridade” (Salmos 145:18).

“Tu (Deus) me cercas, por trás e pela frente, e pões a tua mão sobre mim” (Salmos 139:5);

 “Não temas, pois estou com você; não tenha medo, pois sou o seu Deus. Eu o fortalecerei e o ajudarei; Eu o segurarei com a minha mão direita vitoriosa” (Isaías 41:10).

“O Senhor cuida da vida dos íntegros, e a herança deles permanecerá para sempre. Em tempos de adversidade não ficarão decepcionados; em dias de fome desfrutarão fartura “ (Salmos 37:18,19).

“Deixem aos cuidados dele (Deus) todas suas ansiedades, porque ele cuida de vós“ (I Pedro 1:5).

“O Senhor é a minha força e o meu escudo; nele o meu coração confia, e dele recebo ajuda” (Salmos 28:7).

“Deus é o nosso refúgio e a nossa fortaleza, auxílio sempre presente na adversidade” (Salmos 46:1).

Estes versos, e inúmeros outros que asseguram aos fiéis que sua divindade os livra de todos os males já deveriam ser suficientes para que eles se mantivessem tranquilos diante de uma pandemia, mas os versos dos Salmos 23:4 e 91:7, que dizem respectivamente: “Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte, não temerei perigo algum, pois tu (Deus) estás comigo; a tua vara e o teu cajado me protegem” e “Mil poderão cair ao teu lado, dez mil à tua direita, mas nada te atingirádeveriam ser determinantes.

Contudo, como sabemos que a fé e seus acessórios, tais quais, cultos, adorações, rituais, orações, meditações, mantras etc não surtem efeitos na prática, não nos surpreendeu o fato assistirmos a frenética correria dos (ditos) crentes aos supermercados, ou quaisquer outros pontos de venda, na busca ensandecida por álcool, máscaras de proteção e mantimentos pra se precaverem.

Também não nos causou espanto o fato de, guardadas as proporções, muitos religiosos e pouquíssimos ateus serem acometidos e morrerem em decorrência da COVID-19, muito pelo contrário, era exatamente isso se esperava em função da pandemia, pois não acreditamos que existam entidades que protejam os religiosos e, tampouco, que molestem apenas os descrentes. Se tais entidades de fato existissem, não teríamos visto hospitais lotados de religiosos lutando pela vida e nem tomaríamos conhecimento de notícias de que muitos bispos, padres, freiras, apóstolos, pastores e cantores religiosos, por exemplo, teriam morrido vítimas da doença.

Por fim, embora muitos religiosos tentem passar a ideia de que a pandemia veio como um recado de uma entidade sobrenatural com o objetivo nos alertar de que precisamos nos arrepender de nossas “eventuais falhas”, o que ela na realidade só nos fez ver foi cair por terra a ineficiente máscara da fé.


segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

VELHAS HISTÓRIAS, NOVAS ROUPAGENS.

 

Histórias mal contadas

Enquanto batiam cabeça para juntar textos antigos, com o objetivo de montar um livro único que pudesse servir de base para sua religião, os judeus cometeram alguns deslizes, alguns deles foi colocar histórias repetidas, que se diferenciavam apenas pela troca dos nomes das personagens, do tempo, do cenário e de pequenos detalhes nos seus desfechos.



1 . A história Ló em Sodoma e do Levita em Gibeá

Ao ler a história de Ló, contada em Gênesis 19, no episódio em que ele recebe dois estranhos em sua casa e a tem cercada pelos sodomitas que desejavam estuprar os seus hóspedes, o fiel descuidado e influenciado pela sua crença, não percebe que esta mesma história se repete em Juízes 19 com uma nova roupagem.

No remake (recontagem da história) em Juízes, Ló é substituído por um camponês, enquanto os hóspedes são substituídos por um viajante levita e sua concubina. Quanto ao cenário, a cidade de Sodoma, supostamente situada ao sul do Mar Morto, é substituída por Gibeá, cidade da tribo de Benjamim, supostamente situada ao norte do mesmo mar.

Aparentemente as duas histórias tiveram origem em uma lenda que se contava nas regiões em torno do Mar Morto, visto que a distância entre as duas cidades não é muito grande, cerca de cem quilômetros.

Como tudo na Bíblia é sempre impreciso e confuso, não se pode situar as duas histórias no tempo, até porque, provavelmente elas nem tenham acontecido de fato, como já dito, podem não passar de uma versão alterada de uma antiga lenda que, havia muito tempo, corria na região. Mas, seguindo a cronologia grotesca da bíblia, pode-se inferir uma lacuna de 500 a 700 anos entre elas.

Para compararmos o plágio ocorrido entre as duas histórias, vamos analisar cada trecho, separando-os em tópicos e fazendo breves comentários (em itálico).

1.1 Cenário, horário e personagens

Na história de Gênesis, dois personagens (que a bíblia apresenta como anjos) chegam à praça da cidade de Sodoma ao anoitecer e encontram Ló sentado próximo ao portão principal. Na história de Juízes, dois personagens (um levita e sua concubina) chegam à praça da cidade de Gibeá também ao anoitecer, e ali encontram um camponês adentrando o portão principal.

Notamos aqui que tanto o cenário e o horário quanto o número de personagens envolvidos são exatamente os mesmos. Se desconsiderarmos os sexos dos personagens e lhes déssemos os nomes de A, B e C, veremos que a segunda história é uma reprodução exata da primeira.

1.2 O convite para uma noite de terror

Na história de Gênesis, Ló convida os recém chegados a passarem a noite em sua residência e eles, a princípio, recusam. Mas, Após muita insistência de Ló, decidem aceitar. Na História de Juízes o camponês também convida os recém chegados a passarem a noite em sua casa eles também recusam o convite. Mas também acabam aceitando após muita insistência.

Na casa de Ló os visitantes foram bem recepcionados, lavaram os pés e se alimentaram. O mesmo aconteceu na casa do camponês, os visitantes lavaram os pés e comeram alguma coisa.

Como a apresentação de uma peça de teatro, temos também aqui o mesmo cenário e a atuação dos mesmos personagens em ambas as histórias.

1.3 As ofertas recusadas

Um caso estranho acontece na casa de Ló. Após o jantar, antes de irem deitar, todos estavam conversando, a casa é cercada por homens que queriam estuprar os visitantes. Coincidentemente, o mesmo ocorre na casa do camponês. Todos estavam entretidos antes de dormir, quando a casa também é cercada por um bando de estupradores, ávidos por abusar sexualmente dos visitantes.

Afim de preservar a integridade física dos seus hóspedes, Ló toma uma decisão digna de nojo. Ele, sem pensar duas vezes, sai para negociar com os homens que cercavam a sua casa e oferece duas mulheres - suas duas filhas virgens - para serem estupradas à vontade por aqueles eles. A cena se repete na casa do camponês e a atitude que ele toma é exatamente a mesma - sair para negociar, oferendo duas mulheres, a sua filha virgem e a concubina do seu hóspede para serem estupradas.

Não se sabe o porquê, mas, em ambas as histórias, os homens recusam as mulheres, pois queriam mesmo manter relações homossexuais. Na minha opinião, o comportamento dos indivíduos citados na história aparenta mais ser um distúrbio animalesco do que uma simples atração sexual. Particularmente, não tenho conhecimento de que algum dia na história secular, grupos de gays se reuniram em bandos e saíram ameaçando arrombar casas afim de terem relações forçadas com homens. Só por isso já me ponho a inferir que ambas as histórias são fantasiosas pois não fazem nenhum sentido.

1.3 Desfecho macabro

Tragédias, sangue e muito sofrimento são elementos que quase sempre estão presentes nas histórias da Bíblia, e nestas duas histórias não podia ser diferente – elas trazem morte no final.

Na história de Gênesis 19, Ló e suas filhas precisam sair às pressas da cidade para fugirem de uma estranha chuva de fogo. A esposa de Ló contraria uma ordem sem sentido de não olhar para trás e morre petrificada, tornando-se um obelisco de sal.

Na história de Juízes 19, como se fosse um saco de lixo, a concubina do levita é jogada por ele para fora de casa e, não podendo voltar, pois ele fechara a porta imediatamente, ela é cercada e estuprada a noite inteira por vários maníacos sexuais. De madrugada, quando a violência termina, ela, já sem forças para se manter de pé, se arrasta e morre a poucos metros da porta da casa, onde o seu senhor (e algoz) dormia tranquilamente, como se nada tivesse acontecido.

Lembro me perfeitamente de ter feito uma leitura completa da bíblia, livro por livro, durante o tempo em que pertenci a uma instituição religiosa evangélica. Mas não me lembro de ter passado por estas duas histórias com a mesma sensibilidade com a qual faço agora. Também não lembro de ter percebido a similaridade entre as duas. Parece que a religião me entorpecia, me impedindo de enxergar o que estava bem ali, diante dos meus olhos.

 

2 . Abraão e Isaque, a mesma sina, a mesma cena e as mesmas trapaças

Outras histórias que não podem deixar de ser citadas são as histórias envolvendo Abraão, seu filho, Isaque e suas esposas, bonitas e estéreis.  Nestas histórias acontecem fatos cuja probabilidade de serem meras coincidência é muito remota. Talvez aqueles que dedicaram à tarefa de juntar material para compor a Bíblia estivessem tão entusiasmados, ou entediados, que não perceberam que estavam duplicando textos. Ou então colocaram estes textos de propósito, como um elemento de apoio, para aumentar a dramaticidade das histórias. Vamos às coincidências

Contrariando suas próprias afirmações de que Deus jamais apareceu e foi visto por um ser humano (Êxodo 33.20; João 1.18; I João 4.12), a Bíblia diz que Deus apareceu às personagens, primeiro a Abraão e depois a Isaque.

2.1  As mesmas promessas

Nos capítulos 12, 13 e 15 de Gênesis, Deus aparece a Abraão e promete terras e riquezas para ele e para os seus descendentes. Deus também fala para Abrão que seus descendentes serão tão numerosos quanto os grãos de areia e incontáveis como as estrelas.

Em Gênesis 26, Deus aparece a Isaque para fazer exatamente a mesma coisa, prometer terras e riquezas para ele e para os seus descendentes. Assim como na primeira história, Deus também diz a Isaque que seus descendentes também serão numerosos, e usa as estrelas para aludir ao número de descendentes.

Vale salientar que, depois de Deus ter feito as promessas para Isaque, ele disse que seu pai havia obedecido e guardado os seus estatutos e suas leis, mas até aquele momento não havia nenhum estatuto e nenhuma lei escrita para que alguém pudesse os cumprir. Se estes estatutos e leis fossem algo de tanta importância, a ponto de quem os seguisse obtivesse tantas benesses, até para efeito de justiça, eles deveriam estar escritos em algum lugar, como no caso dos mandamentos dados a Moisés.

2.2  A mesma fome, a mesma farsa

Gênesis 12 diz que houve uma grande fome na região onde Abraão estava, obrigando-o a viajar para a cidade de Gerar. Para não ficar para trás, Gênesis 26 já começa falando que uma grande fome assolou a região onde estava Isaque. E você quer saber para onde ele viajou para escapar da fome? Bingo! Isaque vasou para cidade de Gerar.

Na cidade de Gerar, dominada pelo povo filisteu, Abraão recorre a uma mentira para livrar sua pele. Como a sua esposa, Sara, era uma mulher muito bonita, Abraão pediu para que ela se passasse por sua irmã, pois, caso contrário, o rei da cidade de Gerar, chamado, ou intitulado, Abimeleque, o mataria para ficar com ela.

É muita coincidência para ser mero fruto do acaso, mas, anos depois, na mesma cidade, a cena se repete, agora com outro personagem, Isaque. Também temendo ser morto pelo rei da cidade de Gerar, também chamado ou intitulado Abimeleque (não se sabe se se trata da mesma pessoa), Isaque pede para que sua esposa, Rebeca, se passe por sua irmã.

Mesmo que o Abimeleque que caiu na mentira de Isaque não fosse o mesmo que caíra na mentira de Abraão, ele deveria ter conhecimento da tática dos israelitas de mentirem, dizendo que suas esposas eram suas irmãs. Na primeira história, que envolveu Abraão, o rei Abimeleque o recompensou com tantas riquezas e privilégios que os boatos se espalhariam tanto que o caso seria comentado por anos e anos.

2.3  A mesma sina

Estranhamente, Tanto Abrão quanto Isaque e, até mesmo, seu filho Jacó, compartilham a mesma sina, as esposas de todos eles são estéreis (Gênesis 16.1 e Gênesis 25.21).

Em uma terra em que as demais mulheres engravidavam ao primeiro encontro (Gênesis 16.2-4; Gênesis 30.1-5; Gênesis 30.9-10), a possibilidade de pai, filho e neto se casarem com mulheres estéreis seria muito remota, a menos que eles buscassem justamente isso, mas não foi esse o caso.

 

Para concluir

Pode parecer irrelevante, mas repetição da mesma história com personagens diferentes certamente joga uma pá de dúvidas sobre o conjunto todo da Bíblia, pois denota uma certa falta de cuidado na seleção dos textos, já que os seus seguidores guardam consigo, e tentam passar aos outros, a ideia fixa de que ela fora escrita sob uma inspiração divina.

Aprofundando o raciocínio, não é fácil nos convencer de que uma história não é um completo plágio da outra. Ou, pior ainda, pode haver a grande possiblidade de que uma história semelhante, quiçá de outras crenças, tenha servido de base para estas que entraram para a Bíblia.

Quem questiona aprende, quem não questiona acredita.

sexta-feira, 28 de agosto de 2020


OS DIAS INTERMINÁVEIS DA BÍBLIA



Há alguns dias, um amigo meu, que é membro de uma dessas igrejas que guardam o sábado para jejuar, orar e não trabalhar, tentou me persuadir a seguir a sua religião.

Procurando não o magoar, eu me recusei e tentei mudar o foco da conversa. Mas ele passou a insistir e a relatar suas experiências desde que passara a seguir os ensinamentos da religião, que julga ser a mais coerente de todas.

Disse-me ele: Desde que me converti à minha igreja as coisas mudaram para melhor, mas, para isso, precisei deixar o meu antigo modo de viver para trás, e passei a obedecer fielmente aos mandamentos da Bíblia.

Como eu sei que muitos mandamentos bíblicos são impossíveis de serem seguidos pelo ser humano, perguntei-lhe a quais mandamentos ele estava se referindo. Ele, sem demora, respondeu que dedicar o sábado ao seu deus seria um deles.

Então, como me vi preso à conversa, e para chegar ao ponto que eu queria, lhe perguntei se Jesus não havia desobrigado os fiéis a cumprirem este mandamento no Novo Testamento. Ele, convicto, alegou que não.

De acordo com a Bíblia, no Velho Testamento, o povo judeu deveria dedicar o sábado ao deus que adoravam. Durante um dia inteiro, do pôr do sol da sexta-feira ao pôr do sol do sábado, nenhum judeu poderia comprar, vende ou negociar. Não era permitido sequer acender uma fogueira para cozinhar ou se aquecer durante o sábado. O mandamento era extensivo a todos os membros da família, inclusive os escravos e animais. A pena para quem descumprisse esse mandamento seria a morte.

Tentei exaustivamente convencê-lo que nenhuma religião tem fundamentos sólidos a ponto de me convencer a segui-la. Mas como ele continuava insistindo, decidi dar a cartada final, perguntando-lhe se a sua igreja exige que todos os seus membros guardem o sábado, independente de onde eles estejam. A resposta foi afirmativa. Então eu lhe disse que em algumas regiões da Terra próximas aos polos, como a Finlândia e a Noruega, por exemplo, é impossível que alguém consiga cumprir esse mandamento.

Por desconhecer Geografia, o meu amigo não fazia a menor ideia de que nas regiões polares, durante o verão o sol permanece acima do horizonte por mais de dois meses, sem nunca se pôr. E quando finalmente se põe, só volta a nascer após dois ou três meses. Até ali, ele acreditava cegamente que o seu deus havia criado o sol para brilhar durante o dia e a lua para brilhar à noite. Jamais passaria por sua cabeça que o sol poderia ficar tanto tempo sem nascer.

Ele, sem dúvida, repensaria a sua obediência a este mandamento se visse o sol se pôr em uma sexta-feira, sabendo que ele só voltaria a nascer após dois ou três meses.

Por fim, ele acabou desistindo de tentar me persuadir. Mas, como eu esperava, não abandonaria a sua crença, pois disse que não havia perdido nada nos polos, portanto nunca precisaria ir para aqueles lados.

sexta-feira, 8 de maio de 2020

A PANDEMIA DA DESCRENÇA

O surto do coronavírus em 2020 expôs a grande falta de fé dos religiosos do mundo inteiro nas suas crenças.

Como estamos no Brasil, e por aqui impera o cristianismo, podemos ver que os cristãos não dão a mínima para o que está escrito na bíblia, cujos ensinamentos dizem seguir.

Aos primeiros sinais de que o vírus era mortal e extremamente contagioso, os cristãos já entraram em desespero, e passaram a confiar mais no uso de máscaras e de álcool gel do que nas palavras da bíblia. Bastou a notícia de que a quarentena seria a melhor maneira de evitar o contágio, para que todos eles sumissem das igrejas e se escondessem em suas casas.

Nós, ateus, sabemos que na realidade o deus bíblico (por não existir) não livra ninguém de nada, mas os cristãos, apesar de acreditarem que ele pode os livrar de tudo, diante de uma ameaça de morte real, preferem não arriscar. Afinal de contas, a maioria das vítimas do coronavírus é cristã, isso faz com que eles percebam que a coisa não é bem como acreditam ser.

Até mesmo em suas falas, de forma subliminar, deixam transparecer que esperam mais na Ciência uma solução de cura do que uma ação sobrenatural da parte do seu deus. Eles dizem que têm certeza de que seu deus ajudará os homens a encontrarem uma vacina, mas, cá entre nós, sabemos que na realidade eles então desesperados para que Ciência encontre logo uma cura, independentemente de uma intervenção “divina”.

Mas vamos analisar alguns textos da bíblia que os cristãos (a exemplo dos ateus) não acreditam que tenham efeitos práticos.

...Você não deve ter medo do terror da noite, nem da flecha que voa de dia, nem da peste que se move sorrateira nas trevas, nem da praga que devasta ao meio-dia. Mil poderão cair ao seu lado, dez mil à sua direita, mas nada te atingirá. ” Salmos 91.5-7

A peste e a praga, às quais o texto se refere, são doenças contagiosas (como os surtos de vírus), que sempre assolaram a humanidade. O texto é muito claro – os fiéis não devem temer o contágio, pois o seu deus lhes dá total garantia de que, mesmo que milhares de pessoas morram ao seu redor vitimadas por vírus, o fiel não será contaminado.

O texto assegura ainda (no verso 8) que, além de não se contaminar, o fiel ainda verá, com os próprios olhos, aqueles que não acreditam no seu deus serem assolados pelas epidemias.

E mesmo que essa promessa do seu deus venha a falhar, e algum fiel fique doente, a bíblia ainda dá mais uma garantia.

Ela diz em Tiago 5.14-15:

Há alguém entre vocês que está doente? Se houver, então mandem chamar os presbíteros da igreja, para que estes orem sobre ele em nome do Senhor. E a oração feita com fé curará o doente; Deus o levantará.”

Você quer garantia maior que essa? Então por que será que os cristãos professam tanto ter fé, porém, na hora do aperto, se mostram tão descrentes quanto os ateus?

E mesmo que, na pior das hipóteses, o deus bíblico não cumpra nenhuma das duas promessas anteriores, ele ainda dá uma garantia pra lá de estendida - ele promete uma vida após a morte em um lugar cheio de maravilhas, onde os seus fiéis viverão felizes para sempre, sob a sua completa proteção.

Então, diante de tudo isso, não se justifica da parte do cristão tanto medo de se contaminar, de adoecer e, muito menos, de morrer.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

O INCRÍVEL ENCONTRO DAS ONZE GERAÇÕES.


A bíblia não mostra, talvez por descuido daqueles que a elaboraram, que todos os patriarcas pós-diluvianos da família de Abraão estavam incrivelmente “vivinhos da silva” quando este completou seus quarenta anos de vida. Precisei recorrer à morfologia para classificar o grau de parentesco de muitos deles em relação a Abraão. É cansativo, mas vale a pena conferir no que deu: Terá era seu pai, Naor era seu avô, Serugue era seu bisavô, Reú era seu trisavô, Pelegue era seu tetravô, Heber era seu pentavô, Selá era seu hexavô, Arfaxade era seu heptavô, Sem era seu octavô e Noé, seu eneavô. É absurdo, mas, de acordo com a bíblia, eles foram contemporâneos por, pelo menos, quarenta anos.

Só para dar um exemplo, de acordo com a bíblia, quando Noé morreu Abraão estava com cerca de sessenta anos. É muito estranho o fato de estas duas pessoas tão importantes na narrativa bíblica nunca terem se encontrado ou, pelo menos, tentado se comunicar uma com a outra. Também não há nenhum registro de Abraão tomando conhecimento e lamentando a morte de Noé, a grande estrela da história do dilúvio, ocorrido havia pouco mais de trezentos anos.


Causa estranheza também o fato de, depois do dilúvio, Noé ter mergulhado no mais completo anonimato, e nele permanecido, por trezentos e cinquenta anos, até a sua morte. Sequer um comentário há sobre Noé questionando existência da maldade entre os homens nas cidades de Babel e, posteriormente, em Sodoma, mesmo havendo tão pouco tempo desde que havia ocorrido o grande dilúvio, quando Deus o submetera a passar quase um ano de tortura, dentro de uma arca fétida, cheia de animais, com fezes e urina pra todo lado e infestada de insetos, justamente para acabar com a maldade entre os homens.


Até fico imaginando uma situação hipotética, embora biblicamente possível, em que Abraão decide reunir os seus ancestrais vivos para uma festa por ocasião do seu aniversário de quarenta anos, e descobre que, por incrível que pareça, todos eles, desde o seu pai até Noé, estão vivos. Se à época já existissem máquinas fotográficas, daria até para reunir todos na mesma foto. Mas talvez fosse necessária uma lente grande angular.


Pode até ser que haja um ou outro pastor, ou líder religioso, que tenha chegado à conclusão de que Abraão e Noé tenham sido contemporâneos por algum tempo. Quem quiser fazer prova disso, basta perguntar a algum padre, pastor, rabino ou qualquer cristão se Abraão poderia, algum dia da sua vida, ter se encontrado e cumprimentado Noé com um aperto de mão. O único empecilho, no caso, seria a distância, mas como no subconsciente da maioria dos religiosos já se implantou a ideia de que os dois personagens não viveram à mesma época, ele certamente te olhará com um ar de superioridade de quem conhece a bíblia e responderá que o tempo seria o obstáculo.

Enfim, tudo isso pode até ser aceito por muitos como tendo sido fatos verídicos, mas para mim não passa de fantasia demais e sensatez de menos.

quarta-feira, 25 de maio de 2016

SE EU FOSSE DEUS

Há um conhecido provérbio que diz: “Prego que se destaca leva martelada”.

Eu poderia estar criticando qualquer outro deus, mas como o deus judaico-cristão (Javé ou Jeová, como queiram) -  que doravante chamarei simplesmente de “Deus”, pelo fato de ele assim ser mais conhecido - é o mais popular aqui no Brasil, nada mais lógico que ele seja também o mais criticado. Portanto, é só por este motivo que direciono a ele a maioria das minhas críticas.

Os seguidores de Deus costumam dizer que a desobediência dos primeiros humanos às suas instruções é a causa de todos os males que acometem a humanidade e, por tabela, os outros animais.

Apesar de Deus em alguns momentos, sempre que conveniente, assumir características particularmente humanas, como, se arrepender (Gênesis 6.6; Êxodo 32.14; I Samuel 165.35 e Amós 7.3), se esquecer de algo (Gênesis 30.22; Êxodo 6.5; Salmos 105.11; Salmos 105.42) e, como nós, precisar ver com os próprios olhos para acreditar em algo (Gênesis 11.15), a sua característica mais marcante é a de um ser extremamente sádico, que sente um prazer inexplicável com o cheiro da fumaça exalada pelo corpo de um animal sendo queimado e, pior, com o derramamento de sangue de homens em batalhas e animais executados em sacrifício.

Mas, será que os seus seguidores não se apercebem que se ele de fato existisse, se fosse realmente o criador do universo, se mantivesse tanto poder concentrado em suas mãos e fosse senhor absoluto de todas as suas vontades, o mundo obrigatoriamente deveria ser o que imaginamos ser um paraíso?

A título de exemplo, se eu fosse Deus, com os poderes a ele atribuídos, nada -nada mesmo - me impediria de fazer do mundo o paraíso com o qual a humanidade tanto sonha.

Se aceitássemos a ideia de que o universo tivesse sido criado como na bíblia está escrito, concluiríamos que os erros cometidos por Deus no suposto plano de criação do universo seriam muitos, e, além disso, determinantes nos fatores que contribuiriam para que o mundo fosse o que hoje é. A maioria deles, eu, se fosse Deus, jamais cometeria, pois saberia de antemão que desencadeariam eventos comprometeriam seriamente o projeto de tornar o mundo um paraíso.

Portanto, primeiramente, se eu fosse Deus, não criaria anjos, pois, sendo onipresente, eu não precisaria deles e, sendo onisciente, saberia que um deles se rebelaria, se tornaria o que chamamos de demônio, corromperia milhões de outros anjos e lideraria um motim no céu para tomar o meu lugar.

Se eu fosse Deus, não criaria um universo tão vasto, com imensas galáxias, pulsares, quasares e buracos negros, afastados entre si por distâncias imensuráveis, para colocar os seres humanos em uma “bolinha” quase imperceptível até mesmo se observada do planeta mais próximo.

Se eu fosse Deus, não criaria a Terra sujeita a tantos fatores os eventos, como, pragas, epidemias, secas, tempestades, vulcões, terremotos, tsunamis e furacões, que ameaçam a segurança dos seus habitantes.

Se eu fosse Deus, não criaria animais presas e predadores.
Se eu fosse Deus, não criaria o homem com sentimentos de inveja, orgulho, preconceito e tantos outros que nada acrescentam à espécie humana. Dispensaria a prática de sacrifícios e ofertas, pois elas certamente causariam a inveja de um irmão em relação a outro, por julgar que a oferta deste foi melhor que a sua.

Se eu fosse Deus, encheria o mundo apenas com pessoas boas, não permitiria que pessoas más viessem ao mundo para perturbar a paz.
Se eu fosse Deus, não colocaria uma árvore no planeta Terra para proibir e punir, com ameaça de morte e sofrimento eterno, os primeiros seres humanos que desobedecessem e comessem dos seus frutos, estendendo esta punição desproporcional a todos os seus descendentes.

Se eu fosse Deus, não autorizaria que uma nação invadisse outra para saquear e matar indiscriminadamente milhares de pessoas, poupando apenas as jovens virgens para serem estupradas e servirem de escravas sexuais.

Se eu fosse Deus, nunca permitiria que um filho perdesse seus pais e jamais imporia aos pais a dor de perder um filho.
Se eu fosse Deus, não ordenaria o espancamento de um filho desobediente e, tampouco, o seu apedrejamento até a morte, caso ele insistisse em desobedecer.

Se eu fosse Deus, jamais puniria o homem com um sofrimento eterno, por faltas transientes. Eu, sabendo das consequências das suas decisões, sentaria ao seu lado e orientaria a tomar mais certa.

Se eu fosse Deus, não me esconderia por trás de tantos mistérios, eu falaria diretamente com cada uma das minhas criaturas, evitando a exploração religiosa por parte de aproveitadores e charlatães que fazem da fé alheia fonte inesgotável de lucros, que impõem aos seus incautos seguidores uma vida de sacrifícios.

Se eu fosse Deus, não exigiria adoração - adoraria ser adorado ou, melhor, amado apenas por ser um deus, acima de tudo, humano.

Enfim, se eu fosse um deus criador do universo, sendo detentor de toda sabedoria e absoluto poder, o mínimo que poderia se esperar de mim é que este universo fosse perfeito.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

BAIXANDO O TOM DO LOUVOR

Outro dia, zapeando os canais de TV, me deparei com um programa de auditório que exibia a entrevista de uma cantora, muito conhecida no meio gospel (evangélico).

Os cantores evangélicos costumam alardear que suas vozes são o que chamam de instrumento de louvor, verdadeiros dons dados pelo seu deus, e, por isso, as utilizam exclusivamente para louvá-lo como forma de agradecimento.

Até aí tudo bem, nada a contestar - isso é uma questão de crença. Mas o que me causou estranheza foi o fato dela afirmar que havia sido acometida de um grave problema nas cordas vocais que lhe prejudicara bastante a capacidade de falar e, principalmente, de cantar - problema do qual ainda e ainda guardava sequelas. Confessou também que, com muito esforço, havia gravado um álbum, para o louvor do seu deus, com menos da metade da capacidade de sua voz.

Diante daquilo, fiquei me perguntando: Por que um deus prejudicaria a voz de alguém que a utiliza com o propósito de adorá-lo? Por que permitiria que uma adoração a ele fosse gravada com falha, “eternizada” em gravações de áudio que seriam produzidas em grande escala? Ou será que toda crença na sua existência não passa de uma mera ilusão coletiva?

Por fim, tudo que consigo inferir é que se Deus existe, não deve se agradar muito de tais louvores, caso contrário, sendo tão exigente como sugere a bíblia quando o mostra desprezando ofertas defeituosas, não faria por onde receber o pior, de alguém que professa lhe oferecer o melhor de si.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

MAIS VALE A CIÊNCIA NA TERRA QUE A FÉ NOS CÉUS.

Curandeiro mediúnico se interna em hospital de verdade.

O médium goiano João de Deus, de 73 anos, que ficou milionário fazendo operações espirituais, precisou ser internado no Hospital Sírio Libanês em São Paulo para operar de hérnia no estômago em setembro de 2015.

Mas, perguntamos, por que razão alguém que é conhecido por realizar complexas cirurgias (ditas) espirituais, recorreria à medicina secular, quando tem ao seu dispor outros médiuns que poderiam realizar a sua própria cirurgia?

Nós ateus já temos a nossa opinião formada a sobre isso, a total descrença, mas ficamos impressionados com o fato de as pessoas que o procuram em busca de tratamentos espirituais não levarem isso em consideração.

A realidade é a maior inimiga das crenças, e, embora não admita, todo religioso precisa abrir mão da sua fé encará-la.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

LOBOS EM PELE DE CORDEIROS

Conheço um casal de (autodenominados) pastores, daquele tipo que não resiste ver uma garagem desocupada sem que não passe por sua cabeça a ideia de alugar o espaço, encher de cadeiras e abrir uma igreja, para arrancar o suado dinheiro dos incautos que, por acaso, sejam atraídos por promessas de curas.

Eles costumam reunir uma dúzia de outros crentes e organizar campanhas de arrecadação de dinheiro com o fim de comprar alimentos e distribuir entre moradores de rua e usuários de drogas, na região da cidade de São Paulo conhecida como Cracolândia.  Talvez eles pensem que, com este gesto, estejam passando à sociedade a imagem de um casal exemplar, que se preocupa com o próximo e, por tabela, ganhem pontos junto ao deus no qual acreditam. Como se aquele deus, que, segundo o livro de inspiração atribuída ele, costumava exigir dos seus fiéis ofertas de materiais preciosos e sacrifícios de derramamento de sangue, fosse se satisfazer com uma mísera distribuição de pãezinhos, recheados com uma finíssima fatia da mortadela, da mais barata encontrada no açougue, e um pequeno copo descartável com refresco de envelope, cujo conteúdo, indicado para produzir apenas um litro, fora diluído em quatro ou cinco litros de água.

Não precisamos nos esforçar muito para chegarmos à conclusão de que o impacto deste ato na vida de quem recebe o donativo é quase zero. Talvez este ato fizesse alguma diferença se fosse repetido todos os dias, mas, longe disso, era realizado uma ou, no máximo, duas vezes ao ano. No intervalo deste tempo, aqueles indivíduos, e suas necessidades, caiam no mais profundo esquecimento.

Mas, se já consideramos hipócrita a atitude de tentar beneficiar alguém com algo de tão insignificante importância, pior ainda é o comportamento do casal no seu dia a dia. Para começar, o seu relacionamento com a vizinhança não é dos melhores. Ela, a pastora, pela sua extravagância e “língua afiada”, acabou por promover intrigas e, por isso, cortou relações com quase toda vizinhança. E ele, cuja ambição por dinheiro ultrapassa todos os limites do bom senso, é evitado ao máximo pelos vizinhos.


Mas, o ato que mais me causou ojeriza em relação a eles aconteceu quando, certa manhã, ao ouvir gritos na rua e me dirigir ao portão de casa para ver o que se passava, flagrei a hipocrisia do pastor mostrando a sua cara. Ele gritava enfurecido, enquanto expulsava e espalhava os pertences de um pobre morador de rua, que tivera a infeliz ideia de se instalar debaixo da marquise da sua igreja (melhor dizendo, da garagem transformada em igreja). 


Ver aquele pobre andarilho, recolhendo as suas poucas coisas, humilhado, sem dizer uma só palavra, diante dos olhos faiscantes e insensíveis do pastor – que, vale salientar, possui imóveis distribuídos por quase todo o quarteirão - me fez ver o quão hipócritas podem ser aqueles religiosos que não dão a mínima importância para o que alguns personagens (Jesus Cristo, Buda e São Francisco de Assis, por exemplo), considerados guias religiosos, incentivam fazer – abrir mão de riquezas e ser complacente com os necessitados.


Com este comportamento controverso, a única lição que este casal de pastores nos dá é que o seu ato de distribuir pãozinho com mortadela barata e refresco aguado contribui muito pouco para o bem-estar de alguns, mas a sua hipocrisia contribui, e muito, para o mal-estar de muitos.


sábado, 8 de agosto de 2015

EM POUCAS PALAVRAS

Certo dia, resolvi rever os meus conceitos e economizar nas palavras.
Veja no que deu:

Trabalhei muito e, graças a Deus, consegui tudo que tenho.

Durmo tranquilo, pois, com a graça de Deus, amanhã será um novo dia.

Acredito que quem planta, confiando em Deus, colhe.

Vivo em paz, graças a Deus.

Te aconselho a fazer o mesmo, dê o primeiro passo e, com a a ajuda de Deus, você também chegará lá!

quarta-feira, 15 de julho de 2015

A SOLIDEZ DA REALIDADE E A FLUIDEZ DA FÉ

Quando nós, ateus, observamos friamente o modo de viver daqueles dos religiosos que têm a bíblia como sua base de fé, chegamos à conclusão que seus pensamentos oscilam entre a realidade e a fantasia.

Diante da impossibilidade de negarem um fato concreto, eles criaram uma forma de encará-los com mais facilidade, sem, no entanto, mudarem a natureza deste fato, ou seja, o fato é real, mas eles o encaram como se não fosse. Isso os faz se senti mais confortáveis, pois, apesar dos pesares, conseguem digerir com certa facilidade a dura realidade da sua existência.

Só para entendermos melhor como isso funciona, vejamos algumas situações em que, por exemplo, um cristão vale-se da fé para encarar um fato real.

Pela fé, o cristão acredita que Jesus é o pão da vida (João 6:48), e que o seu deus não deixa que nada lhe falte (Salmos 23.1). Mas, para que não lhe falte alimento, ele vai constantemente à padaria e ao mercado.

Pela fé, o cristão acredita que Jesus é a luz do mundo (João 8:12). Mas, temendo ficar sem luz, ele paga todos os meses a conta de energia elétrica.

Pela fé, o cristão acredita que Jesus é uma fonte de água (João 8:12), e que o seu deus pode fazer jorrar água de uma pedra (Isaías 48:21; Salmos 114:8; Números 20:8). Mas, para que seu fornecimento de água não seja cortado, ele paga todos os meses a conta d’água.

Pela fé, o cristão também acredita que Jesus é um advogado (João 1:2) e finge acreditar na justiça do seu deus (Mateus 6:33).

Mas, burla o mandamento do ano da remissão (Deuteronômio 15:1,2), e recorre à justiça dos homens, quando alguém lhe deve algo.

Pela fé, o cristão acredita que pode fazer qualquer coisa, até mesmo “coisas impossíveis de serem feitas” (Filipenses 4:13). Mas usa pontes, ao invés de caminhar sobre as águas; sobe e desce morros, ao invés de tirá-los do caminho.

Pela fé, o cristão acredita que pode curar doenças (Lucas 9:1, Mateus 10:1). Mas não hesita em procurar ajuda médica, quando sente um problema de saúde.

Pela fé, o cristão acredita que pode fazer todos os milagres que Jesus teria feito, inclusive, ressuscitar mortos (João 14:12). Mas, infelizmente, dá de cara com a dura realidade diante da perda de um ente querido, e, impotente, não ousa sequer recorrer ao poder que supõe ter. Então, assim como os ateus, dobra-se diante da realidade, e tudo que lhe resta é aceitar o fato e lamentar.

Por fim, a mente humana tem a capacidade de galgar distâncias inimagináveis. Alguns valem-se desta peculiar capacidade para estudar a realidade do mundo à sua volta, enquanto outros, a usam para fugir desta realidade.

A menos que tiremos os obstáculos do caminho, eles permanecerão lá.

sábado, 11 de julho de 2015

FORÇANDO A BARRA.

No mundo antigo e medieval, onde o acesso ao conhecimento era privilégio de poucos, tudo o que os autores bíblicos ensinavam sobre a vida humana e o mundo que nos cerca era considerado literalmente correto.Mas, com o avanço da Ciência Moderna - a qual, por mérito, substituiu a religião como autoridade máxima do ensino - os teólogos e líderes cristãos, estrategicamente, mudaram seus discursos e passaram a afirmar que os textos bíblicos que discordam da Ciência são metáforas, enquanto os que concordam com ela permanecem literais.Se este é o caminho de defesa escolhido pela igreja, então o seu fim é iminente, e sem dúvida será trágico. Pois, neste caso, falta pouco para que a bíblia inteira se torne uma metáfora, e a religião cristã entre para o roll da mitologia universal, tomando o seu verdadeiro lugar ao lado das mitologias grega, suméria e egípcia nos livros de ensino público regular.Em vista disso, sábio é aquele religioso que tem humildade para reconhecer que a bíblia não é - e jamais poderia ser - um livro de cunho científico a fim de defender a sua fé.

Texto extraído e adaptado de www.deuscienciaereligiao.com
Ilustração: Milson

quinta-feira, 9 de julho de 2015

A EFICIÊNCIA DA AÇÃO.

Se você contrair uma gripe e orar, ela sara. E se você não orar, ela também vai sarar.

Se você procura por algo e orar, talvez encontre. E se não orar, talvez também encontre.

Por mais escura e difícil que seja uma noite, se você orar, um novo dia amanhece. E se não orar, ele também vai amanhecer.

Porém, se alguém estiver escorregando à beira de um precipício, por maior que seja a sua fé, não tente juntar as suas mãos para orar ao invés de estendê-las para ajudarpois o resultado certamente será trágico.

sábado, 27 de junho de 2015

A BÍBLIA - CORRENDO ATRÁS DA CIÊNCIA.

Não é de hoje que a igreja tenta passar para seus seguidores a ideia de que a Ciência e a bíblia andam na mais perfeita harmonia. Aliás, mais do que isso, tenta convencê-los de que a Ciência apenas comprova fatos previamente descritos na bíblia.

Para isso, utiliza-se das mais variadas estratégias. Uma delas, geralmente a mais usada, é trocar algumas palavras de um texto, para, com a mudança de significados, ajustar as narrativas bíblicas às novas descobertas da Ciência.

Assim, à medida que o conhecimento humano vai avançando, a igreja vai correndo atrás, tentando, de todas as maneiras, alinhar a bíblia com as novas descobertas da ciência.

Um exemplo conhecido é relacionado à forma da Terra. Enquanto a humanidade não fazia a menor ideia de que habitava um planeta, e tentava entender a estrutura do espaço onde vivia, apelando para a fantasia, por exemplo, supondo que habitava algo sustentado por colunas, a bíblia apoiava isso.

Se a Ciência não tivesse avançado na área da astronomia e, até hoje, acreditássemos na hipótese da Terra ser sustentada por colunas, certamente os líderes religiosos citariam, cheios de orgulho, os versos de Jó 9.6 e 38.4-6.

O que sacode a terra do seu lugar, e as suas colunas estremecem.” Jó 9:6.

"Onde você estava quando lancei os alicerces da terra? Responda-me, se é que você sabe tanto. Quem marcou os limites das suas dimensões? Vai ver que você sabe! E quem estendeu sobre ela a linha de medir? E as suas bases, sobre o que foram postas? E quem colocou sua primeira pedra...?” Jó 38:4-6.

Mas se tivéssemos avançado apenas um pouquinho mais em conhecimento, e julgássemos que a terra fosse um cubo, os religiosos não ficariam para trás, afirmariam que os textos de Jó 9.6 e 38.9-6 são meras alegorias e, neste caso, o discurso seria outro - evidenciariam as palavras de Ezequiel 7.2, Isaías 11.12 e Apocalipse 7.1 – talvez dando uma explicaçãozinha por fora, dizendo que cada face do cubo possui quatro cantos - algo que eles fazem muito bem.

E tu, ó filho do homem, assim diz o Senhor DEUS acerca da terra de Israel: Vem o fim, o fim vem sobre os quatro cantos da terra.” Ezequiel 7.2

Ele erguerá uma bandeira para as nações a fim de reunir os exilados de Israel; ajuntará o povo disperso de Judá desde os quatro cantos da terra.” Isaías 11:12

E depois destas coisas vi quatro anjos que estavam sobre os quatro cantos da terra, retendo os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem contra árvore alguma.” Apocalipse 7.1.

Entretanto, Como a Ciência moderna prova, sem sombra de dúvidas, que o nosso planeta tem a forma arredondada, os religiosos, evidentemente, tiram o foco dos versos patéticos citados anteriormente, e citam, com alguns arranjos gramaticais, os versos de, por exemplo, Isaías 40.22.

 “É ele o que está sentado sobre a redondeza da terra, cujos habitantes são como gafanhotos; é ele o que estende os céus como uma cortina, e os desenrola como uma tenda para neles habitar.” Isaías 40:22.

Quando eu disse que os textos são citados com alguns arranjos gramaticais, não o fiz por acaso. Sabemos que a bíblia é regularmente revisada e atualizada, e, nestas atualizações alguns ajustes são fetos, por exemplo, a palavra “redondeza” utilizada na versão da Sociedade Bíblia Britânica em português, foi estrategicamente colocada para passar a ideia de que a bíblia já dizia que a Terra era arredondada - pois a forma arredondada da Terra, à época da tradução (1819) já estava mais do que provada. A palavra “redondeza” parece ter sido escolhida a dedo para substituir as palavras “círculo” e “disco”, que em nada lembram uma esfera.

Muitos defensores da bíblia alegam que as palavras utilizadas no idioma original do texto para “círculo” e “disco” também significava esfera – mas, evidentemente, isso é questionado.

Para se tirar todas as dúvidas que pairam sobre a palavra original do texto e, consequentemente, conhecer o seu significado, seria necessária uma análise dos textos originais, porém, infelizmente, eles não existem – o que existe são cópias de cópias.

Mas para chegarmos à conclusão de que a palavra equivalente a círculo, disco ou redondeza, utilizada na bíblia, não se referia à forma da Terra, basta analisarmos o texto com um pouco mais de atenção, utilizando versões diferentes.

Comecemos pela versão Almeida Corrigida Revisada Fiel - “Ele [Deus] é o que está assentado sobre o círculo da terra, cujos moradores são para ele como gafanhotos; é ele o que estende os céus como cortina, e os desenrola como tenda, para neles habitar.” Isaías 40:22

Nesta versão, a ideia passada é de um círculo plano, sobre o qual moram os homens, e Deus acomoda-se sobre este círculo, utilizando o céu (como uma lona de circo ou de uma tenda) para se cobrir.

Essa ideia toma forma quando analisamos a versão Católica – “Aquele que domina acima do disco terrestre, cujos habitantes vê como se fossem gafanhotos, aquele que estende os céus como um véu de gaze, e como tenda os desdobra para aí se abrigar,” Isaías 40:22

Ao observarmos bem, percebemos que a palavra “acima” já não mostra Deus assentado diretamente sobre o círculo, mas flutuando, muito afastado dele. E, lá do alto, porém abaixo do céu, Deus observa os homens em uma terra plana, como se fossem gafanhotos.

Agora vejamos a tradução Nova Versão Internacional. – “Ele se assenta no seu trono, acima da cúpula da terra, cujos habitantes são pequenos como gafanhotos. Ele estende os céus como um forro, e os arma como uma tenda para neles habitar.”  Isaías 40:22

Esta é a versão que traduz com mais fidelidade os textos supostamente originais. Veja que nela, Deus não está assentado sobre a Terra, mas sim em um trono lá no alto, observando os homens, bem abaixo dele.

Podemos fazer uma alegoria com a ideia que este texto passa. Seria a de uma grande catedral, cujo teto contém uma grande cúpula (ou abóbada), onde, lá do alto, quase encostado à cúpula, Deus observa as pessoas abaixo, na nave da catedral.

Portanto, derrubando a tese de que Isaías 40.22 mostra o planeta terra como tendo a forma arredondada desmorona, pois vemos claramente que, se o texto se refere a alguma coisa circular, discoide ou esférica, certamente está se referindo à cúpula (os céus), e não ao que está abaixo dela (a Terra).

Outra tentativa desesperada de ligar a Ciência à bíblia tem relação com as partículas subatômicas. Até meados do século XIX, a Ciência não dispunha de métodos para detectar partículas menores que um átomo – que, até então, era considerado a menor partícula de um elemento químico.

Pois bem, a partir do final do século XIX, depois da descoberta dos elétrons, que são muito menores que o átomo, outras partículas foram sendo descobertas pela Ciência. Para não deixar a bíblia defasada em relação à Ciência, alguns [ditos] teólogos trataram de procurar desesperadamente algum texto que (mesmo confuso) causasse a impressão de que a bíblia já fazia alusão às partículas subatômicas havia muito tempo - antes mesmo de o homem tomar conhecimento da existência do átomo. E o único texto que encontraram foi Hebreus 11.3 – “Pela fé entendemos que o universo foi formado pela palavra de Deus, de modo que o que se vê não foi feito do que é visível.”  Mas será mesmo que este texto se refere às partículas subatômicas? Vamos analisar?

Primeiramente, vamos trocar a ordem dos seus termos – isso não altera o sentido do texto.

De modo que o que se vê não foi feito do que é visível, pela fé entendemos que o universo foi formado pela palavra de Deus.”

Pronto, feito isso, basta fazer uma pergunta. De acordo com o texto acima, através de que o universo foi formado? O próprio texto dá a resposta – pela palavra de Deus.

Concluindo, até o fim do século XIX todos os teólogos estavam convencidos e convenciam os seguidores da bíblia de que o universo havia sido formado pela palavra do seu deus – por uma ordem expressa dele. Com o advento de novas tecnologias, que possibilitaram a descoberta de mais e mais partículas subatômicas, o sentido do texto foi, conveniente e desonestamente, mudado.

Resta a quem acredita que a bíblia (com seus textos confusos) está em harmonia com a Ciência (que comprova as suas afirmações), se deixar, ou querer ser enganado.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

UM PÉSSIMO CONSELHO BÍBLICO.


O fato de a bíblia ser considerada um livro que traz paz para a humanidade se dá pela supressão de textos que incitam a violência. Para que sua reputação não seja prejudicada, os líderes religiosos, estrategicamente, omitem estes textos de suas pregações e desestimulam a sua leitura. Até mesmo os tradutores utilizaram-se de palavras desconhecidas do grande público, a fim de dificultar a sua compreensão.

Um exemplo disso, e o texto de Deuteronômio 13:6-10, que, em linguagem simplificada, mostra Deus advertindo o seguinte:

"Se o seu irmão, seu filho, sua filha, sua esposa, seu esposo ou algum dos seus amigos te convidar a adorar qualquer outro deus além de mim, não aceite!
Mas não basta recusar o convite - você precisa matá-lo sem piedade! Você não pode deixá-lo fugir ou se esconder.
E, um detalhe, você precisa ser o primeiro a atacá-lo - depois deve deixar que outras pessoas terminem o serviço.
Ele deve ser apedrejado ate a morte, por ter tentado te convencer a deixar de me adorar."

Um leitor desatento, no afã de simplesmente ler a bíblia, não perceberá a gravidade deste texto. Mas são textos como este que disseminam ódio, intolerância, terrorismo e assassinatos, com requintes de crueldade, por parte de extremistas religiosos.

Portanto, quando alguém lhe disser que a bíblia só traz bons conselhos, é bom "ficar com um pé atrás".