Há alguns dias, um amigo meu, que é membro de uma dessas
igrejas que guardam o sábado para jejuar, orar e não trabalhar, tentou me
persuadir a seguir a sua religião.
Procurando não o magoar, eu me recusei e tentei mudar o foco
da conversa. Mas ele passou a insistir e a relatar suas experiências desde que
passara a seguir os ensinamentos da religião, que julga ser a mais coerente de
todas.
Disse-me ele: Desde que me converti à minha igreja as coisas
mudaram para melhor, mas, para isso, precisei deixar o meu antigo modo de viver
para trás, e passei a obedecer fielmente aos mandamentos da Bíblia.
Como eu sei que muitos mandamentos bíblicos são impossíveis
de serem seguidos pelo ser humano, perguntei-lhe a quais mandamentos ele estava
se referindo. Ele, sem demora, respondeu que dedicar o sábado ao seu deus seria
um deles.
Então, como me vi preso à conversa, e para chegar ao ponto
que eu queria, lhe perguntei se Jesus não havia desobrigado os fiéis a
cumprirem este mandamento no Novo Testamento. Ele, convicto, alegou que não.
De acordo com a Bíblia, no Velho Testamento, o povo judeu
deveria dedicar o sábado ao deus que adoravam. Durante um dia inteiro, do pôr
do sol da sexta-feira ao pôr do sol do sábado, nenhum judeu poderia comprar,
vende ou negociar. Não era permitido sequer acender uma fogueira para cozinhar
ou se aquecer durante o sábado. O mandamento era extensivo a todos os membros
da família, inclusive os escravos e animais. A pena para quem descumprisse esse
mandamento seria a morte.
Tentei exaustivamente convencê-lo que nenhuma religião tem
fundamentos sólidos a ponto de me convencer a segui-la. Mas como ele continuava
insistindo, decidi dar a cartada final, perguntando-lhe se a sua igreja exige
que todos os seus membros guardem o sábado, independente de onde eles estejam.
A resposta foi afirmativa. Então eu lhe disse que em algumas regiões da Terra
próximas aos polos, como a Finlândia e a Noruega, por exemplo, é impossível que
alguém consiga cumprir esse mandamento.
Por desconhecer Geografia, o meu amigo não fazia a menor
ideia de que nas regiões polares, durante o verão o sol permanece acima do
horizonte por mais de dois meses, sem nunca se pôr. E quando finalmente se põe,
só volta a nascer após dois ou três meses. Até ali, ele acreditava cegamente que
o seu deus havia criado o sol para brilhar durante o dia e a lua para brilhar à
noite. Jamais passaria por sua cabeça que o sol poderia ficar tanto tempo sem
nascer.
Ele, sem dúvida, repensaria a sua obediência a este
mandamento se visse o sol se pôr em uma sexta-feira, sabendo que ele só
voltaria a nascer após dois ou três meses.
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