Em época de eleições muitas igrejas, principalmente as
evangélicas, entram em polvorosa. Basta fazer algumas visitas aos templos
espalhados pelo país, para constatar que muitos deles se transformam em palanques
políticos.
O número de candidatos religiosos concorrendo a cargos
públicos parece aumentar a cada ano. Acredito que não haja um só município que
não tenha pelo menos um candidato evangélico concorrendo a uma vaga.
Nota-se um grande interesse da parte das igrejas
em eleger representantes em todas as esferas do governo. Para isso, deixam um
pouco de lado a sua dedicação à fé, e realizam cultos que mais se assemelham a
comícios, dado ao grande número de candidatos presentes e ao empenho em
apresentá-los aos fiéis.
Outro dia, um amigo meu, um pastor muito conhecido no meio evangélico
pelas palestras que realiza dentro e fora do Brasil, me abordou e pediu para
que eu votasse em um membro da sua igreja que estava candidato à vaga de
vereador.
Não perdi a oportunidade de perguntá-lo o porquê das igrejas
apoiarem candidatos a cargos políticos. Ele me deu exatamente a resposta que eu
esperava: – “A igreja precisa de pessoas
que as representem junto ao governo e que lutem pela sua causa”.
Então, me vali do recurso que eles usam para argumentar, a bíblia,
e perguntei: - Isso não está indo contra
o ensinamento bíblico que diz que os cristãos devem buscar primeiramente o
reino e a justiça de Deus, e todas as outras coisas lhes serão acrescentadas?
Ele, acostumado a falar para suas “ovelhas” sem ser
questionado, demonstrou não estar muito confortável, e achando que iria me
colocar em xeque, retrucou: - “Mas a
igreja tem buscado o reino e a justiça de Deus!”.
Procurando evitar um diálogo longo e desnecessário, arrematei:
Então parece Deus não está acrescentando as
demais coisas, né? Peguei o folheto do
candidato que ele me apresentara, me despedi e saí.
Mas não é só quando se envolvem na política que os cristãos mostram
o quanto contrariam o que manda a sua religião. Quando contratam um advogado,
por exemplo, estão se opondo ao que diz a sua bíblia em Jó 16.19 – “Saibam que agora mesmo a minha testemunha
está nos céus; nas alturas está o meu advogado”; em Provérbios 22.23 – “Pois o Senhor será o advogado deles, e
despojará da vida os que os despojarem” e em João 2.1 – “Temos um advogado junto ao Pai, Jesus
Cristo, o Justo”.
Quando se preocupam com a segurança de suas casas ou
quando contratam um serviço de vigilância, estão indo contra o que a bíblia diz
em Salmos 127.1 – “Se o SENHOR não
edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o SENHOR não guardar a
cidade, em vão vigia a sentinela”.
E, para fechar, quando contratam planos
de saúde ou tratamento médico, contrariam o que diz a bíblia em Tiago 5.15 – “E a oração feita com fé curará o doente; o
Senhor o levantará”.
Enfim, embora não assumam, os cristãos estão constantemente oscilando
entre a fantasia da fé, quando afirmam que seu deus supre todas as suas
necessidades, e a dura realidade, quando mostram que eles mesmos precisam buscá-las.
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