sexta-feira, 2 de março de 2012

NÃO HÁ DEUS QUE NOS LIVRE.

Recentemente, a minha esposa e um dos meus filhos, de 15 anos, foram assaltados enquanto voltavam de um mercado próximo à minha casa. Dois elementos, em uma motocicleta, os abordaram e levaram um aparelho celular e algumas sacolas com produtos que ela acabara de comprar. Ao contrário dos danos emocionais, o prejuízo material foi consideravelmente baixo.

Mas o que me deixou tão contrariado quanto o assalto, foi o comentário que um vizinho meu fez, quando lhe contei o que havia ocorrido.

Evangélico, um tanto fanático, ele tentou me convencer de que tudo havia acontecido porque eu havia deixado de acreditar em deus. Então ele (deus) estava me punindo.
Afirmou também que deus protege os seus filhos através dos seus anjos, e estufou o peito para citar um versículo bíblico, a saber, o salmo 34.7 - “O anjo do senhor acampa-se ao redor dos que o temem, e os livra.”

Rebati contando-lhe sobre o caso de um pastor, conhecido meu, que também havia sido assaltado em frente à sua casa quando voltava do supermercado.

Falei que o prejuízo do pastor havia sido muito superior ao meu, pois os assaltantes levaram, além das compras, o seu carro (um Corola, no valor aproximado de sessenta mil reais).

Ele, então, veio com o argumento patético de que, neste caso, teria sido o inimigo (referindo-se à figura do diabo) que estaria tentando prejudicar o pastor, com o intuito de impeli-lo de ensinar a “palavra de deus”.

Perguntei-lhe então onde estariam os anjos que deveriam o guardar.

Mas percebendo que a nossa conversa estava se tornando redundante, comecei a citar casos de cristãos que haviam sido abordados por bandidos. Exemplos é que não faltam.

Em Fortaleza, Ceará, um pastor foi assassinado durante um assalto à padaria em que trabalhava. Ele abria o estabelecimento quando foi abordado por dois homens que anunciaram o crime. Tentando acalmar os bandidos, o pastor começou a pregar. Irritados, os acusados lhe deram um tiro.

Outro pastor evangélico, na cidade de Caieiras, região noroeste da Grande São Paulo, foi morto, com um tiro no peito ao reagir durante um sequestro relâmpago do qual era vítima. Ao volante de seu carro, ele aproveita o descuido de um dos bandidos para tentar desarmá-lo, mas foi baleado. O pastor, que era casado e pai de dois filhos, morreu quando era atendido no pronto-socorro da região.

Nem mesmo padres e bispos da igreja católica escapam da violência que não dispensa nem os próprios templos.

Há alguns anos, o arcebispo de Campo Limpo, aqui em São Paulo, juntamente com um padre e outras três pessoas, foram feitos reféns, após dois bandidos invadirem uma capela e a residência do bispo localizadas no mesmo imóvel, na região do Morumbi, Zona Sul da capital paulista.

Mais recentemente, seis homens armados e encapuzados invadiram o mosteiro Karim, na cidade de Jacareí, 84 km de São Paulo.
Durante o assalto, 15 pessoas foram rendidas, entre freiras, jovens adotados, o caseiro do local e o padre Antônio Maria, que também é cantor e escritor.
Segundo a assessoria do padre Antônio Maria, é a segunda vez em dois anos que o mosteiro é assaltado.

Uma igreja na cidade de Araraquara, interior de São Paulo, foi invadida por dois bandidos armados e duas pessoas foram baleadas durante a tentativa de assalto.
Segundo informações, os bandidos haviam entrado na secretaria da igreja e anunciado ao tesoureiro o assalto.
Como havia pouco dinheiro em uma gaveta, os ladrões renderam cinco pessoas, entre fiéis e obreiros, numa tentativa de conseguir um valor maior.
Um dos reféns (talvez achando que o seu deus estivesse ao seu lado) reagiu ao assalto e foi atingido por um tiro no ombro.
Uma mulher que estava entre os rendidos também foi atingida por um dos tiros disparados e ficou ferida no braço.

O que é de estranhar é que, nestas horas, até mesmo o mais fevoroso dos fieis deixa de lado toda a espiritualidade da sua fé e recorre à materialidade da ciência que tanto critica, pois todas as vítimas foram retiradas da igreja e conduzidas a um hospital.

Não tendo mais argumentos, o meu vizinho finalmente se calou.

Hoje acredito que se realmente existisse um deus, como afirma a bíblia, ele teria que ter, no mínimo, o poder e a ombridade de proteger os seus seguidores.

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