domingo, 2 de dezembro de 2012

Engodo nas Entrelinhas do Sermão.


Outro dia, zapeando pelos canais de TV, me deparei com o missionário RR Soares, um destes pastores que não se cansam de se aproveitar da fragilidade (e ingenuidade) das pessoas para arrancar dinheiro em programas de televisão.

Não costumo assistir a este tipo de programa, até porque os considero totalmente nocivos à sociedade, mas, a título de curiosidade, para testar a minha paciência, às vezes paro para assistir por alguns instantes, assim como faço como os inúmeros outros programas de mau gosto do mesmo nível.

O missionário contava um fato que havia acontecido com ele em uma reunião em seu gabinete. Dizia que entre eles estava um médico muito chegado a ele, e que, no meio da reunião, o celular do médico tocou. Disse o missionário que, como o médico estava próximo a ele, dava para ouvir o diálogo, e que do outro lado da linha estava a esposa de um dos pastores da sua igreja.

A mulher falava que seu esposo não havia melhorado do seu mal estar, apesar de ter tomado a medicação que o médico prescrevera. Prontamente, o médico a orientou a aumentar a dose do medicamento.

Aproveitando-se da situação, diante de todos que estavam presentes à reunião, o missionário RR Soares pediu ao médico para falar diretamente com o pastor e, por telefone, disse ele, que repreendeu a doença, alegando ser obra do diabo.

Até aí tudo bem, é praxe entre eles, mas o que me chamou a atenção foi o descaramento do missionário ao dizer que alguns minutos depois a esposa do pastor voltou a ligar para o médico, informando que o pastor já estava se sentindo bem.

Astutamente, o missionário omitiu da multidão de fieis o efeito da medicação prescrita pelo médico e atribuiu a melhora do pastor à sua oração e, com uma risadinha cínica, pediu que a igreja glorificasse a Deus. Induzida, a igreja certamente obedeceu.

Os fiéis que buscam curas para os seus males nestas igrejas estão tão cegos em sua fé que não fazem a si mesmos a seguinte pergunta: por que raios a esposa de um pastor, que se encontrava em uma igreja, cercado de outros pastores, que esperneiam gritando que são portadores da virtude de curar todos os tipos de doenças, precisaria apelar insistentemente para um médico?

O fato de o médico ter aumentado a dose do medicamento e, consequentemente, minutos depois, o paciente melhorar, passa despercebido para o ouvinte descuidado e cego pela fé. É justamente valendo-se deste descuido que os pastores conseguem enganar tanta gente.

E o juízo das pessoas fica ainda mais prejudicado quando, desonestamente, eles omitem os resultados adversos. Certamente o missionário não teria comentado o fato se a mulher tivesse retornado a ligação para informar que o estado pastor teria piorado ou que ele havia batido as botas.

Pense!

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